2 anos Centro do Bebé Viseu

Quando um bebé nasce, nascem também uma mãe e um pai. Por vezes nasce também um irmão e irmã mais velhos, nascem avós e tios. É uma família recém-nascida, no fundo, aquela que se prepara para acolher, cuidar e compreender o novo ser que após o caminho do parto, chega ao mundo externo.

Durante muito tempo – e essa é infelizmente uma visão que ainda permanece tanto – achou-se que um bebé era uma espécie de “tábua rasa” que não compreendia ou tinha sequer competências imediatas para descodificar o mundo. Que o bebé nascia sem saber fazer nada e que para tudo tinha que ser “ensinado”, “treinado”, quase “domesticado” para que pudesse agir conforme o que alguém definiu um dia, que era suposto os bebés fazerem.

Criou-se assim um conceito abstrato de bebé humano que não era esperado que chorasse, e que dormia noites inteiras rapidamente, que mamava em intervalos regulares, que adormecia sozinho e sem precisar de colo. É preciso dizer aos pais que este bebé que acabei de descrever, é um bebé fictício que alguém inventou um dia. Só isso. Este não é o retrato do bebé humano real, que neste momento muitos de vós têm em braços. E foi assim – definindo-se como “normal” algo que é inventado- que se gerou a solidão e desamparo dos pais que tinham em braços bebés que choravam inconsolavelmente, ou que não dormiam, ou das famílias que não haviam ainda descoberto o ritmo e a harmonia dos dias com um bebé.

Há sete anos atrás nasceu o Centro do Bebé, precisamente com a missão de estar ao lado destes pais, destas famílias, também elas recém-nascidas. Estar ao lado delas de uma forma diferente da que existia até aí:  não para lhes falar de um bebé fictício, mas sim para as apoiar no seu caminho com os bebés reais. Aqueles que choram, que não dormem ainda noites inteiras, dos pais e das mães que não se sentem ainda seguros e confiantes nos seus novos papeis, das famílias em desequilíbrio, seja por exaustão ou por necessidade de apoio emocional.

Nos últimos 30 anos, as neurociências fizeram descobertas maravilhosas sobre o cérebro dos nossos bebés e o seu enorme potencial. Hoje sabe-se que um bebé recém-nascido compreende e procura descodificar o mundo desde o momento em que nasce (e até antes), e que os seus pedidos inatos de colo, de contacto físico, de carinho, não são de todo negativos nem precisam de ser corrigidos. Afinal tudo isto – documenta a ciência- favorece o desenvolvimento físico, emocional, neuronal dos nossos bebés.  É tempo de mães e pais pararem de se sentirem culpados por dar colo, por compreenderem e atenderem os seus bebés. É tempo de lhes dizer claramente que é isso mesmo que é correcto. E é tempo também de os apoiarmos nessa tarefa para que ela não seja excessiva e possa ser feita com leveza e prazer.

Compreender o bebé real, nas suas necessidades e comportamentos, é saber apoiá-lo e ajudá-lo a fazer uma transição harmoniosa para a vida no mundo externo. É saber que os bebés não ficam viciados em colo, porque o colo simplesmente é a sua primeira realidade. É saber que os bebés não nascem com um cronómetro para mamar de três em três horas, quinze minutos de cada lado, porque simplesmente no útero tudo é fluido e contínuo e não existem relógios. É saber que a amamentação não deve ser uma experiência de sofrimento e dor para a mãe e ter a competência técnica de saber apoiá-la para ajudá-la a chegar a uma experiencia satisfatória e cheia de bem estar para si e o seu bebé. É saber ajudar-vos com o sono dos vossos bebés sem ter que propor treinos ou rotinas rígidas que criam conflito, sofrimento, exaustão para todos e que tantas vezes pioram até a situação. É desmistificar as questões da Saúde Mental, porque nenhuma mãe e pai merecem passar pela chegada dos seus bebés e lutarem contra a depressão ou ansiedade sem terem apoio especializado para poderem ficar bem para desfrutar desta experiência como merecem.       

Esta é a nossa missão e, desde há dois anos, a missão também da equipa do Centro do Bebé Viseu. Uma equipa liderada por uma pediatra fantástica – a Dra. Inês Santos- que quis levar para a região Centro do país esta forma diferente de entender os bebés e apoiar os pais. Parte integrante do Serviço de Pediatria da moderna Casa de Saúde de São Mateus, hoje o Centro do Bebé Viseu tem à disposição das famílias uma equipa multidisciplinar incrível, experiente e competente e especializada nas questões dos bebés. Nas questões dos bebés “reais”: os que não dormem, ou que choram ou que têm dificuldades em mamar, ou dos pais que simplesmente precisam de ajuda. Uma ajuda experiente e profissional, realista, empática, sem julgamento. É isso que os pais irão encontrar no Centro do Bebé Viseu. 

 É com grande alegria que felicito os profissionais desta fantástica equipa pelo seu segundo aniversário. Continuaremos juntos porque o caminho é longo e complexo e maravilhoso.
E porque as famílias e os seus bebés merecem.

Parabéns Centro do Bebé Viseu!

Constança Cordeiro Ferreira

Fundadora do Centro do Bebé

Terapeuta de Bebés

Autora