Desafios na Amamentação: A Abordagem do Terapeuta da Fala
Já alguma vez ouviu que é normal ter dor para amamentar? Pois é, está perante um mito, que pode ter na sua génese uma disfunção oral do seu bebé.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fornece várias recomendações sobre a amamentação, destacando a sua importância para a saúde da mãe e do bebé. Recomenda o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida e, após este período, a introdução gradual de alimentos complementares, mantendo o aleitamento materno até aos dois anos de idade ou mais, conforme desejado pela mãe e pela criança.
A amamentação é um processo natural, prazeroso e essencial para o desenvolvimento saudável do bebé, proporcionando não apenas nutrição, mas também um vínculo emocional importante entre mãe e filho. Sabe-se que a amamentação também vai potenciar um normal crescimento e desenvolvimento do sistema estomatoglossognático, composto por várias estruturas móveis e estáticas, tais como lábios, língua, dentes, palato, mandíbula e maxila, bem como músculos e ossos da face. Este sistema desempenha várias funções – sucção, respiração, mastigação, deglutição e fala.
No entanto, algumas mães e bebés podem enfrentar desafios que dificultam a amamentação, podendo culminar num desmame precoce. É neste âmbito que o Terapeuta da Fala, especialista na área da motricidade orofacial, pode intervir na amamentação, em conjunto com outros profissionais, nomeadamente Médico Pediatra, Consultor de Lactação IBCLC, Enfermeiro, Osteopata, Fisioterapeuta, Psicólogo, entre outros.
O trabalho do Terapeuta da Fala em Neonatologia é ainda pouco conhecido em Portugal. Ele centra-se em avaliar e intervir em bebés, prematuros ou de termo, com alterações nas funções da sucção, respiração e/ou deglutição, ou seja, disfunções orais. A sua atuação é de extrema importância para que estas alterações sejam devidamente identificadas e intervencionadas. Os desafios mais comuns em que o Terapeuta da Fala pode fazer a diferença em Neonatologia centram-se em:
• Bebés prematuros, que são ou foram alimentados por sonda nasogástrica, pois apresentam um maior risco de disfunções orais pela experiência sensório-motora oral ser reduzida;
• Alterações nas estruturas orofaciais (como por exemplo, suspeita de freio lingual curto ou alterações no palato);
• Falta de coordenação na tríade das funções sucção-respiração-deglutição;
• Sucção fraca ou ineficiente;
• Dificuldades na pega da mama;
• Perda de peso/baixo ganho ponderal;
• Bebés que se cansam facilmente no momento da alimentação;
• Presença de refluxo gastroesofágico.
Em suma, a Terapia da Fala pode ser uma aliada poderosa na jornada da amamentação, ao reestabelecer as funções orais do bebé e promover a eficácia na amamentação.
Nesta Semana Mundial do Aleitamento Materno procure ajuda! Não se deixe levar por mitos. As famílias que enfrentam dificuldades na amamentação não devem hesitar em procurar ajuda especializada, pois o suporte adequado pode fazer toda a diferença na construção de um início de vida saudável para o seu bebé.
Ter. Ana Francisca Ferreira – Terapeuta da Fala
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