Impacto dos Comportamentos de Risco na Saúde Respiratória dos Jovens

Existem uma série de funções, órgãos e estruturas corporais que podem ser afetados por comportamentos de risco seja a curto, médio ou longo prazo. Um dos sistemas afetados de forma significativa é o sistema respiratório. Como referido anteriormente, quanto maior for a janela temporal no qual esse tipo de comportamento se verifica, maior a probabilidade de o mesmo acarretar complicações futuras.

Dentro do leque de comportamentos de risco que existem podemos destacar alguns que se enquadram no perfil descrito anteriormente, nomeadamente hábitos tabágicos, sedentarismo e obesidade, consumo de estupefacientes, entre outros.

Como seria espectável, um dos comportamentos de risco mais proeminentes na comunidade jovem que afetam o sistema respiratório é o tabagismo. O consumo prematuro e pouco controlado de tabaco leva não só ao aparecimento de alterações no sistema respiratório a médio e longo prazo, mas também ao desenvolvimento de patologias diretamente ligadas ao mesmo. Estudos indicam que quanto mais cedo o indivíduo adquire hábitos tabágicos, maior a probabilidade de desenvolver dependência e, por consequência, de dar continuidade a essa adição já em adulto.

O tabaco pode gerar inúmeras alterações a nível do sistema respiratório, tais como Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), bronquite crónica, agravamento dos sintomas em indivíduos asmáticos, cancro do pulmão, entre outros. Estudos indicam que em Portugal, à data de 2015, um quarto dos portugueses era fumador e, desse grupo, 75% teria iniciado o consumo tabágico ainda no período da adolescência. A nível mundial, nove em cada dez fumadores consumiram o primeiro cigarro antes dos dezoito anos. Estes dados revelam evidências de que a adoção de comportamentos de risco durante a adolescência influencia de forma preponderante os hábitos já em adulto. No fundo, “o jovem fumador de hoje será, em parte, o adulto doente de amanhã”.

Já no que diz respeito ao sedentarismo, um dos principais problemas advindos desse conceito é a obesidade. A obesidade é, também, um problema com bastante incidência na população jovem, ainda que nos últimos anos esses dados tenham vindo a melhorar. Ainda assim, à data de 2019, a percentagem de indivíduos com menos de dezasseis anos com excesso de peso centrava-se nos 29.6%.

Relativamente aos efeitos do sedentarismo e obesidade no sistema respiratório, os estudos revelam dados e conclusões bastantes variáveis, no entanto é possível observar uma alteração significativa dos volumes pulmonares e débitos respiratórios, levando a um défice na qualidade da ventilação do indivíduo, seja em repouso ou esforço. De realçar também que a obesidade, a longo prazo, pode gerar outro tipo de distúrbios respiratórios, nomeadamente o aparecimento e agravamento de apneia do sono.

Por fim, realçar o efeito dos estupefacientes no organismo dos jovens: sendo o consumo deste tipo de substâncias uma realidade nos dias de hoje, é importante salientar que quanto mais cedo se inicia esse mesmo consumo piores são os efeitos no organismo. O sistema respiratório não é exceção. Considerando as possíveis complicações que podem ocorrer durante o consumo dessas substâncias, podemos ainda acrescentar aquelas que aparecem a posteriori, tais como edema pulmonar, embolia pulmonar, doenças intersticiais, hipertensão pulmonar, hemorragia, enfisema, pneumonia, entre outras.

Na Casa de Saúde São Mateus, trabalhamos com uma equipa multidisciplinar experiente de Profissionais de Saúde que acompanham os utentes e os ajudam na tomada das decisões certas diminuindo, desta forma, o impacto que um comportamento irrefletido nas primeiras décadas de vida pode ter no futuro.

Daniel Pedroso

Técnico de Cardiopneumologia – Provas Funcionais Respiratórias

Unidade de Pneumologia CSSMH