Semana Mundial do Aleitamento Materno – 2021

Todos os anos, a primeira semana de agosto é dedicada à especial promoção do aleitamento materno no âmbito da Semana Mundial do Aleitamento Materno. Este ano a temática central escolhida pela WABA (World Alliance for Breastfeeding Action) é “Proteger a amamentação – Uma responsabilidade de todos”.

Existe um provérbio africano que diz que “é preciso uma aldeia inteira para criar uma criança”. Se, para educar uma criança não bastam os pais, mas sim toda uma comunidade organizada em volta para criar as melhores condições de desenvolvimento para os “futuros adultos”, para o aleitamento este provérbio não é menos verdade.

As práticas de aleitamento materno subótimas são uma questão de saúde pública, exigindo esforço e investimento a todos os níveis. Durante esta Semana Mundial de Aleitamento Materno, devemos lembrar-nos que proteger o aleitamento materno é uma responsabilidade compartilhada.

O aleitamento materno contribui para a saúde, a nutrição e a segurança alimentar, a curto e a longo prazo. Uma abordagem de saúde pública sobre o aleitamento materno, onde governos e outros parceiros trabalhem juntos para criar um ambiente favorável à amamentação, é um aspeto vital para proteger e apoiar o aleitamento materno.

O aleitamento materno também é um direito humano que precisa ser respeitado, protegido e cumprido!

Os requisitos para a promoção do aleitamento materno devem incluir: o investimento em serviços de saúde, onde o pessoal seja treinado e tenha tempo e experiência para oferecer suporte e cuidados de elevada qualidade; investimento em políticas de proteção social, nomeadamente no prolongamento da licença de parentalidade remunerada, horários de trabalho flexíveis, apoio no local de trabalho entre outras medidas; a implementação integral do Código Internacional de Comercialização de Substitutos de Leite Materno e subsequentes resoluções da Assembleia Mundial de Saúde; e o envolvimento da comunidade através de líderes, grupos de apoio e outras comunitárias para promover o diálogo acerca do aleitamento materno.

O Código Internacional de Comercialização de Substitutos de Leite Materno é tão importante hoje como era há 40 anos para proteger as famílias do marketing antiético e de toda a promoção comercial. As empresas de substitutos de leite materno têm vindo a explorar com cada vez maior perícia as plataformas digitais para comercializar os seus produtos ao público, uma prática que se tornou ainda mais evidente durante a pandemia COVID-19. Normas sociais sem base científica e práticas tradicionais de alimentação e marketing agressivo de substitutos do leite materno ao nível comunitário muitas vezes impedem o aleitamento materno.

Ao longo desta pandemia, como em muitas outras situações, o aleitamento materno tem sido afetado de forma positiva e negativa. Devido aos bloqueios e restrições de movimento na maioria dos países, os pais tiveram mais tempo para estar em casa cuidar dos seus bebés. Por outro lado, a separação de mães e bebés devido ao eventual risco de transmissão do coronavírus tem sido mantida em vários países. O impacto da separação no início e continuidade do aleitamento materno pode ser devastador, pelo que a Organização Mundial de Saúde recomenda manter mães e bebés juntos, não só porque o aleitamento materno é seguro, mas também pela redução da mortalidade neonatal. O acesso ao aconselhamento e apoio ao aleitamento materno também têm estado ainda mais imitados por sistemas de saúde sobrecarregados e pela imposição do distanciamento social.

Neste contexto pandémico, torna-se ainda mais premente a cooperação entre os diferentes agentes da sociedade – serviços de saúde, decisores políticos, comunidade e famílias – para ajudar a proteger e apoiar o aleitamento materno para todas as famílias.

Em particular, no que concerne aos serviços de saúde, promover o trabalho em equipa multidisciplinar e vincular-se aos agentes e grupos comunitários ajudará a criar uma Cadeia de Calor de apoio às famílias com bebés amamentados.

Por isso, caso tenha dúvidas ou esteja perante alguma dificuldade, não hesite em procurar ajuda!

Drª Inês Santos

Médica Pediatria

Coordenadora da Unidade de Pediatria CSSMH
Consultora de Lactação Certificada