SAPI

Apoio técnico e humanizado para quem se encontre em isolamento

Foi no mês de dezembro de 2019, que começámos a ouvir falar de um novo coronavírus (SARS COV-2) com origem na China e que se espalhou pelo globo, tendo sido declarado pandemia no dia 11 de março de 2020. A dia 18 de março foi declarado o estado de emergência em Portugal, e ficou grande parte da população em isolamento.

 Com a entrada de 2021 sentiu-se uma lufada de ar fresco,  deixar o ano de 2020 (o ano negro) para trás e abraçar a nova esperança com a vacina e um possível retorno à nossa normalidade. Infelizmente depois da liberdade que nos foi depositada pelo Natal não ter sido bem direcionada, ficamos perante um novo confinamento. Este  novo confinamento embora muito idêntico ao primeiro, não é em nada comparável. No primeiro confinamento estávamos perante uma novidade, uma incerteza do que é e do quanto tempo teríamos de esperar até podermos ver tudo desaparecer. Desaparecer era essa a palavra de ordem no início da pandemia! Neste momento conseguimos perceber o que é, quais são as consequências e aquilo que nos espera durante e após e isso leva impreterivelmente  a um confronto de sentimentos como a angústia, a incerteza no futuro, o medo do vírus e das novas estirpes e sabemos que o desaparecimento do mesmo, está longe de acontecer.

As pandemias são emergências de saúde pública, com ameaça à vida das pessoas e que causam um número significativo de doentes e mortes, e portanto, no geral, os recursos são canalizados para a contenção e tratamento das mesmas. No entanto, também sabemos que em tempos de pandemia o número de pessoas psicologicamente afetadas costuma ser maior que o de pessoas infetadas, estimando-se que um terço da população possa apresentar consequências psicológicas e psiquiátricas caso não recebam os cuidados adequados.

Estas perturbações psicológicas podem ter efeitos imediatos, como é o caso dos episódios depressivos e de episódios de ansiedade aguda ou pânico transitórios, ou efeitos mais prolongados no tempo no pós-isolamento tais como a depressão, perturbações de adaptação, perturbação de stress pós-traumático, abuso de álcool e substâncias e perturbações psicossomáticas.

É, por isso, imperativo que as pessoas em isolamento ou no pós-isolamento imediato beneficiem de um acompanhamento psicológico individualizado, que sejam devidamente avaliadas e que possam ter uma intervenção rápida e eficaz. Nunca foi tão importante estarmos atentos aos efeitos psicológicos e sabermos quais os passos a dar para nos mantermos sãos mentalmente.

Perante esta emergência na saúde mental, a Casa de Saúde de São Mateus, resolveu criar o SAPI – Serviço de Apoio para Pessoas em Isolamento.

A intervenção não se deve centrar apenas no impacto traumático (pandemia Sars cov-2), deve ser ampla e englobar o indivíduo em todo o contexto em que se insere.  Devem ainda ser definidos objetivos sobre bases realistas e objetivas, sendo que o objetivo principal será sempre de carácter preventivo, diminuir a probabilidade de sofrer danos psicossociais.

O SAPI irá funcionar da seguinte forma:

– Avaliação rápida das necessidades psicossociais;

– Promover mecanismos de autoajuda e ajuda mútua;

– Contribuir para o controlo da desorganização social;

– Intervenção psicológica em perturbações como ansiedade, luto, stress pós-traumático, crises de pânico, reações coletivas de agitação e perturbações psicossomáticas.

Que este momento crucial da nossa vida possa ser ultrapassado por todos, com a ajuda de todos. Estaremos sempre aqui para a comunidade que servimos e que nos ajudou a crescer.

Psicóloga Sara Moitinho (CP 15895)

Responsável Técnica do Projeto

Projeto no âmbito do Estágio Profissional IEFP – CSSMH