Será que o meu filho tem dislexia?
A entrada de uma criança no 1º ano do Ensino Básico é sempre um momento marcante na sua vida e repleto de expetativas e esperanças para as novas aprendizagens que está prestes a fazer. A aprendizagem da leitura e da escrita é das mais difíceis e complexas, que irá influenciar todo o seu percurso académico e, por conseguinte, de vida. Aprender a ler e a escrever implica que a criança conheça e domine um sistema de letras, que serão responsáveis por representar os sons da fala.
Contudo, aprender a ler e a escrever nem sempre é um caminho fácil, podendo a criança demonstrar algum tipo de dificuldade. Mas, será que todas as crianças com dificuldades de leitura e escrita têm dislexia? Não necessariamente. Não é porque troca dois ou três sons na leitura e comete alguns erros ortográficos que terá dislexia.
A dislexia é uma dificuldade específica de aprendizagem, que resulta de alterações neurobiológicas na forma como o cérebro codifica, representa e processa a informação linguística. Manifesta-se em dificuldades ao nível da precisão e ritmo da leitura de palavras, por baixa compreensão leitora e competência ortográfica. Assim, a leitura é feita com lentidão, descodificar uma palavra torna-se um problema e a escrita tem erros recorrentes, indícios de que é preciso procurar ajuda.
Em termos de prevalência, investigações internacionais estimam percentagens entre os 5 e 10%. Em Portugal, num estudo recente, foram identificadas 5,4% das crianças em idade escolar com dislexia.
É importante ter sempre em mente que cada criança tem o seu ritmo de aprendizagem e, por conseguinte, dever-se-á respeitar esse mesmo tempo. Apesar disto, há sinais de alerta que podem ser detetáveis logo em idade pré-escolar, quando, por exemplo, é difícil para a criança o jogo das rimas, dividir e juntar sílabas e/ou distinguir palavras de não-palavras. Contudo, só a partir do 2o ano de escolaridade, entre os 7 e os 8 anos de idade, é que se pode diagnosticar dislexia, sempre através de uma abordagem multidisciplinar.
O papel dos pais é essencial para a criança potenciar o gosto por ler e por escrever, independentemente de ter mais ou menos facilidade na tarefa. Mostre sempre o quão maravilhoso é o mundo da escrita e que todas as pessoas demoram a aprender. Ninguém nasce ensinado a ler e a escrever, todos temos o nosso tempo!
Drª. Ana Francisca Ferreira
Profissional de Saúde, Terapeuta da Fala na CSSMH
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