Setembro, trazes contigo o regresso às aulas
Vamos pousar as Mochilas…. para que Setembro não seja apenas um regresso, mas sim um recomeço!
Setembro, trazes contigo o Regresso às aulas, o início de um novo ano letivo que é sempre acompanhado por mudanças, novos vínculos, e cada criança é única, o que implica um processo dinâmico baseado nas observações das necessidades de cada um, mantendo a esperança num novo ano que começa.
Este é o mês metódico, organizado que gosta da previsibilidade e que exige aos pais ter “tudo controlado”. Para garantir que não vos escapa nada, e antes de colocar Mochilas às costas, vamos recomeçar com tudo direitinho!
Sim, é difícil imaginar o mundo atual sem mochilas. Entram na nossa infância, em tons suaves, com fraldas e chupetas, seguem escola fora com livros e brincadeiras, companheira inseparável na adolescência, carregada de música e de sonhos, para continuarem na vida adulta, mais maduras e alinhadas.
Que seria de nós sem as mochilas…
Mas afinal, o que se passa com as Mochilas escolares?
Muito se tem falado sobre o uso das mochilas em idade escolar. E muito se tem especulado também. Ouvimos dizer que são muito pesadas, que causam dores nas costas das crianças, que podem estar na origem de alterações posturais, deformidades como por exemplo as tão faladas escolioses, eis algumas das queixas atribuídas frequentemente ao seu uso.
Já há muito que se relacionam as dores nas costas em crianças ao uso das mochilas escolares, no entanto, ainda existe muita controvérsia entre o peso ideal e as consequências do uso inadequado de mochilas.
Várias organizações de saúde de todo o mundo têm colocado a ênfase do problema no peso das mochilas e aconselham a que este não ultrapasse 10 a 15% do peso da criança (5% do peso em crianças em idade pré-escolar). Mais recentemente a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que o peso máximo da mochila não deverá ultrapassar 10 % do peso corporal da criança e que a mochila estando vazia não deve ultrapassar um quilograma, e esta parece ser a opinião mais consensual entre todos os investigadores.
Catorze anos após um primeiro alerta para o peso excessivo das mochilas das crianças portuguesas, a DECO PROTESTE publicou um novo estudo, realizado com crianças entre os 10 e 13 anos de idade, o qual mostrou que 66% das mochilas testadas ultrapassam o peso máximo aconselhado.
Mochilas e alterações Posturais: mito ou realidade?
Sabe-se que o peso transportado pela população pediátrica nas suas mochilas predispõe a mesma a desequilíbrios músculo-esqueléticos, alterações posturais e de marcha, causadas pela necessidade de manter o equilíbrio com o peso acrescido. Neste seguimento, surgem compensações, assimetrias posturais e sobrecarga da coluna vertebral.
Alguns centros de pesquisa definiram este tipo de lesões como lesões por “overuse”, isto é, são originadas por um uso excessivo do aparelho muscular e ligamentar. A criança como ainda tem o seu processo de crescimento em curso, torna-se mais suscetível a este tipo de lesão, devido à maleabilidade das articulações.
É intuitivo, que quanto mais pesada for a mochila e maior for o tempo de uso, mais incómoda ela se tornará, podendo causar cansaço, desconforto, contraturas musculares e dores.
Contudo, importa evidenciar que o alívio da carga e o uso correto da mochila costumam solucionar a situação, sendo rara a dor crónica a longo prazo atribuível ao uso das mochilas escolares.
Então e em suma… As mochilas pesadas são efetivamente causa de alterações posturais, no entanto, não há evidência científica de que estas alterações, relacionadas com o uso de mochilas escolares, sejam permanentes e irresolúveis e/ou provoquem lesões graves da coluna vertebral, tais como escolioses e cifoses (rotações e desvios anormais).
Ainda assim, claro está, que há que ter cuidado com o seu peso excessivo. Tão importantes quanto o peso são: o tempo de utilização das mochilas, o seu uso assimétrico e inadequado, assim como as posturas desleixadas, tantas vezes observadas e não corrigidas.
Vamos prevenir? Esteja atento e identifique o problema…
É importante considerar na prevenção de dores por uso de mochilas não apenas o seu peso, mas inúmeros outros fatores, tais como:
- Tempo e forma de uso da mochila;
- Tipo de mochila;
- Fatores individuais ou genéticos da criança
Não há um número exato que limite o peso que a criança deve suportar. Como anteriormente relatado, aponta-se para os 10% do peso da criança. Este valor pode, no entanto, ser demasiado, sobretudo em crianças que apresentem um peso acima do recomendado para a sua idade. Assim, recomenda o bom senso que as mochilas devam ser o mais leve e confortáveis possível.
Quando a mochila se encontra demasiado pesada, as costas da criança são puxadas para trás e, para compensar, ela dobra-se para a frente utilizando as ancas ou “arqueando” as costas. O risco de queda é também potenciado pelo peso excessivo.
Cabe aos pais estarem atentos em relação a queixas de dores nas costas, mudança na postura (se a criança se inclina para a frente, para trás ou para o lado) ou se a criança tem marcas das alças da mochila nos ombros. Perante algum destes sinais, consulte equipas multidisciplinares que o possam ajudar e orientar (Pediatra, Fisiatra, Ortopedista, Osteopata, Fisioterapeuta…etc.)
Esteja ciente da linguagem corporal do seu filho. Eles podem não dizer nada, mas se houver sinais eles precisam ser devidamente avaliados para que se possa intervir de forma atempada.
Como escolher a mochila certa?
Não há mochilas ideais, mas há formas mais saudáveis de carregar o peso. Em nome da saúde das crianças e dos jovens, o cenário ideal seria que não carregassem pesos excessivos. Na impossibilidade de tal, existem mochilas mais adequadas que outras e formas de a carregar de modo a que não causem danos excessivos.
Na escolha, deve optar-se pela mais leve, ergonómica, com duas alças largas acolchoadas, ajustadas e firmes. A parte traseira deverá ser almofadada. Se possível, com um cinto que ajuste na cintura, ajudando a distribuir algum peso sobre a anca, manter o peso mais próximo do corpo e impedir oscilações. As cores e o padrão, deixe que o seu filho tenha opinião, afinal de contas ele vai usá-la quase diariamente e envolver a criança ou adolescente nas escolhas, torna-o mais autónomo e você fica a conhecer melhor os seus gostos!
Depois é só explicar-lhes que as mochilas são como a roupa: devem ser usadas com o tamanho certo! E por inteiro, não vale só uma alça: causa tensão muscular e transfere todo o peso só para um lado, puxando o ombro para baixo e causando dor no pescoço, ombro e costas.
A mochila deve formar um retângulo bem encaixado nas costas. A região superior não deve ultrapassar a altura dos ombros, para não bater no pescoço, e a parte de baixo deve terminar cerca de 5 cm a 8cm acima da cintura, sem ultrapassar a largura do tronco – assim se minimiza o deslocamento postural.
Para cumprir todos este requisito, é fundamental que a criança/adolescente experimente a mochila antes de a comprar, para que possa sentir-se confortável com o modelo escolhido.
Ajustes feitos… qual a melhor? mochila, saco a tiracolo, pasta de mão ou mala com rodinhas
Numa ótica funcional e tentando respeitar regras, sem dúvida que as mochilas são a escolha acertada. Deixam os braços e as mãos livres. Quando usadas corretamente, distribuem o peso pelo tronco, utilizando os músculos do dorso e os abdominais como suporte.
As mochilas com rodas podem ser uma solução, mas apresentam inconvenientes vários. As suas rodas e estruturas rígidas representam um peso acrescido, são barulhentas e, por vezes, difíceis de transportar, sobretudo quando há escadas e obstáculos no caminho.
Uma mochila com rodas pode ser uma boa opção, principalmente se está pesada. No entanto, se o piso de acesso à escola for irregular e/ou criança tiver de subir e descer muitas escadas, o trolley é uma má opção e torna-se desajustado às condições.
No entanto, se não existirem estas condicionantes, este tipo de mochila deve ter uma alça com comprimento adequado para que a criança caminhe sem fazer torção ou inclinação do tronco, as rodinhas devem ser o maior possível, podendo assim transpor obstáculos com facilidade e devem ser usadas ao lado e não atrás do tronco, de modo a não sobrecarregar ombro e mão.
As mochilas com alça a tira colo também não são uma opção viável por provocarem ao longo do tempo uma inclinação do tronco e consequentemente, mais compressão num só hemicorpo.
Organizar a mochila tem os seus segredos…
Cabe aos pais ensinar a criança a usar a mochila de forma correta. À noite, ajude-a a fazer a mochila para o dia seguinte, certificando-se que leva apenas aquilo que vai realmente necessitar.
No centro da mochila e junto às costas, deve colocar o material mais pesado. Alguns compartimentos ajudam a que os livros não andem soltos.
No momento da compra do material escolar é importante privilegiar o mais leve. A escolha deve privilegiar cadernos que não sejam demasiado grossos, com capas flexíveis; os estojos devem ser leves, canetas e lápis estritamente necessários.
As mochilas das crianças parecem padecer de um mal semelhante ao das malas das senhoras: cabe sempre mais qualquer coisa. Ou porque pode fazer falta ou porque se quer mostrar ao amigo. Um hábito saudável será rever regularmente a mochila com as crianças. Sim, dá trabalho, mas ensina a selecionar apenas o que é preciso, a averiguar o que é supérfluo como brinquedos, jogos ou tablets desnecessários.
Como usar corretamente a mochila?
Existem dois pontos onde os pais não podem “baixar a guarda”, é garantir que os seus filhos colocam sempre as duas alças e bem ajustadas. Sabemos que mochilas mal ajustadas podem causar lesões musculares e que mochilas ajustadas asseguram mais conforto.
Assistimos imensas vezes a crianças que transportam a mochila num só ombro, prática totalmente incorreta pois conduz a uma inclinação compensatória para o outro lado, e isto, sim, ao longo do tempo, pode causar problemas. Se a mochila tem cinto não esquecer de o apertar.
Estar atento, ao modo como a criança pega na mochila e a coloca às costas fornece informação valiosa. A criança deve baixar-se, dobrando os joelhos, ao pegar na mochila. Se ela o faz com esforço, provavelmente há peso a mais.
E, não esqueça, se a criança tiver uma longa espera pela frente, o conselho é retirar a mochila e pousá-la no chão, bem encostada a um canto, evitando tropeções. Na escola, sempre que possível deverá utilizar os cacifos e os armários escolares.
É quase impensável viver num mundo sem mochilas. Por isso, há que usá-las corretamente…
Já que a matéria em causa é controversa e apesar dos conselhos tentarem oferecer o melhor no mundo atual, parece-me pertinente recordar que no tempo de vocês, pais, não havia este tipo de informação e não haviam estas mesmas “regras” protetoras, pelo que, suponho, cometeram algumas atrocidades tais como, usar a mala a dar pelos joelhos ou usar apenas e só uma alça. Era, e é errado, não deixa de ser, e tudo o que acima referi é válido, mas não mais, do que as vossas brincadeiras de rua nos tempos livres, o ir a pé para a escola, o pular, saltar, correr… Os computadores, as consolas, os jogos nos smartphones e tablets não faziam parte da vossa história… não passavam horas em posturas estáticas…
Então vamos recomeçar… a “culpa” parece, mas não é apenas e só das mochilas pesadas, mesmo sendo um tema importantíssimo.
” As crianças mais pequenas e do sexo feminino apresentam um maior risco de desenvolver problemas de postura relacionados com o uso da mochila porque, em geral, são de menor estatura e mais leves. “
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