Um Natal diferente…

Embora Diferente, há sempre Natal!

Natal é magia, é família, é celebração, é festa… E este ano mais do que nunca devemos comemorar esta data especial. Embora afastados uns dos outros, o espírito natalício estará certamente em nós. Será diferente, mas será Natal.
Associamos sempre o Natal à reunião da família, à partilha, ao convívio cheio de amor e felicidade. Existem muitas famílias que só têm a possibilidade de se reunir nesta altura do ano para festejar a quadra natalícia.
Este ano, estamos a viver uma era diferente, completamente atípica, cheia de stress, de medos e de muita ansiedade. É necessário haver muitos cuidados, maior prevenção e muita precaução, sendo impossível reunir toda a família à mesa. Terá de ser um Natal “improvisado”.
Durante meses, as crianças foram privadas dos afetos dos seus familiares. A maioria tem avós, que costumam estar presentes no seu dia-a-dia, mas também nesta quadra. E é tão salutar, quer para uns e outros, o convívio diário. Os afetos são a base para um bom e saudável crescimento. E, durante meses, isso foi-lhes roubado. Como vai ser este ano o Natal?
As crianças ouvem, na televisão, as notícias e ficam a pensar “Este ano não há natal?”.
Num ano atípico, vamos tentar manter a normalidade pelas nossas crianças. É importante manter o espírito natalício e deixar as crianças viver a época com a mesma imaginação e ilusão.
Há Natal, sim, tem de haver. Cabe aos pais proporcionar-lhes tudo aquilo que os deixa felizes.
Um pequeno esforço para esquecerem a realidade difícil que vivemos.
Manter as tradições é importante: decorar a casa, fazer o calendário do advento com uma tarefa diária, fazer prendinhas em conjunto (biscoitos, postais, presépios).
Como diria Eduardo Sá, “a família é mais importante do que a escola e brincar é tão importante quanto aprender”. Incentiva os pais a reviverem as memórias do tempo em que brincavam e acabar com a superproteção dos mais pequenos. “O que torna as crianças felizes é sentirem a presença dos pais. Quanto mais elas tiverem os pais nas suas vidas mais felizes serão.
E a brincar com elas e deixá-las brincar”.
Este Natal, nada melhor do que aproveitá-lo junto das nossas crianças. Haverá muito mais tempo para elas! Dedicar-lhes toda a atenção, viver dias mais calmos e tranquilos, sem grandes riscos. Este ano, mais do que nunca, é importante dar e receber amor!
Brincar é a maneira mais fácil de conhecer e compreender o mundo à nossa volta, explorando os espaços e os objetos. É através do brincar que as crianças crescem, se desenvolvem e aprendem de forma saudável.
As crianças não brincam só porque são crianças ou porque querem divertir-se. As crianças brincam porque o brincar é um meio privilegiado para desenvolver a coordenação motora grossa e o equilíbrio, a coordenação motora fina, a maturidade emocional, a criatividade/ imaginação, a agilidade mental, a atenção, a memória, a imitação, a comunicação e a linguagem, e as competências sociais. A brincar também se aprende a confiar nos outros, a partilhar, a cumprir regras, a saber esperar pela sua vez, e a trabalhar em equipa ou em grupo de pares. Conceitos como liderança, pensamento estratégico, resolução de problemas, o lidar com a frustração, com sucessos e insucessos, com vitórias e derrotas, são passíveis de trabalhar através do brincar.
Atualmente, as crianças passam cada vez mais tempo na escola e cada vez menos tempo útil de brincar livre e com os colegas, com afastamento das atividades sensoriomotoras.
O excesso de proteção leva-nos a um grande problema: as crianças, no tempo adequado, não têm vivências motoras, não participam em atividades de movimento, não gatinham, revelando, no futuro, dificuldades em permanecer sentadas corretamente na sala de aula, dificuldades em segurar no lápis corretamente ou aplicar a força necessária ao escrever, ou em copiar textos do quadrado.
Existem mil e uma atividades que podem concretizar-se em pequenos momentos e brincadeiras em “mini-família”, ou seja, junto dos mais próximos: jogos de tabuleiro/ mesa, jogos de mímica, ver filmes, ler histórias, cozinhar em conjunto, dançar, karaoke, puzzles, brincar ao
faz de conta, assumindo diferentes papéis, construções com legos ou cubos, “o rei manda”.
Atividades motoras, como passeios de bicicleta em família, jogar futebol, tiro ao alvo, carrinho de mão, circuitos de psicomotricidade, andar de carrinho de mão, são bastante benéficas, muito divertidas e promovem o alegre e saudável convívio familiar.
Quanto aos brinquedos? Por vezes é possível prescindir dos mesmos, pois para brincar qualquer coisa serve basta haver motivação e criatividade.


Este Natal vai ser diferente para que volte a ser igual!

Unidade de Pediatria

Ana Lúcia Ferreira

Terapeuta Ocupacional – Unidade de Pediatria CSSMH