Quando as visitas ficam à distância de um click

Testemunhos de cuidados de saúde em tempos de Pandemia

O recente vírus trouxe à vida de todos bastante sofrimento e angústia, ampliando-se estes nos utentes que estão internados, que para além do mal-estar característico das suas patologias, veem-se de repente isolados nos quartos, num local estranho, com pessoas que não conhecem. No entanto, o mês de julho trouxe uma nova alegria a estes utentes. E, como já os nossos mais antigos diziam “depois da tempestade vem a bonança”, chegou a hora de arranjar soluções e alternativas para restabelecer o bem-estar.

            Como técnicas da casa de saúde, passamos muito do nosso tempo em direto com os utentes, que estando já em estados vulneráveis devido a condições de saúde, ressentem bastante o estarem longe da casa, da sua zona de conforto e isolados da família. Passamos nós, durante algum tempo, a ser a família deles. Mas, por mais que gostem de nós e tentem manter a positividade, acabam sempre por desabafar que querem ir para casa e que sentem muitas saudades de ver a família, de os abraçar e de ter “uma força extra” para a sua recuperação.

            Assim, com a nossa ajuda, durante este mês os utentes vivenciaram novas formas de interação com os familiares mais próximos e ainda potenciamos a relação com familiares afastados com quem não tinham contacto há vários anos. Reunimos assim numa só sala, avós, filhos, netos, primos e amigos, de todos os cantos do mundo, permitindo visitas de 8 e 10 pessoas em tempo real. Partilhamos o caso da senhora B., que emocionada depois da 1ª videochamada com a família nos diz: “Graças a vocês pude conhecer o meu bisneto. Tem um mês e ainda não o tinha visto! Que alegria que me deram! É um alívio”. E as reações positivas multiplicam-se… “É maravilhoso. Quero isto quando estiver em casa.”, referindo-se ao computador utilizado para as videochamadas. E os agradecimentos acontecem não só por quem recupera, mas pelos familiares que passam também pelo sofrimento e angústia de distância imposta. Uma filha de uma utente, no fim da videochamada partilha: “Obrigada. A Casa de Saúde está de parabéns pela iniciativa.”. Da nossa parte, agradecemos aos familiares e utentes a abertura à iniciativa proposta, certos que todos podemos e nos devemos ajustar e contribuir para a intervenção e recuperação dos nossos doentes com os meios à disposição.

Rita, Terapeuta Ocupacional, Estágio Profissional

            Como terapeuta ocupacional, primo a variedade de ocupações necessárias no dia-a-dia para alcançar o bem-estar e melhorar a saúde em todas as suas dimensões. No contexto de internamento, o utente encontra-se mais confinado, pelo seu estado de saúde fragilizado, privado de interações sociais que tornam o seu dia-a-dia significativo. Como pode o utente desempenhar o seu papel de filho ou pai, se está privado dessa interação com o familiar? Assim, encontramos nas videochamadas com os familiares momentos de interação, bem-estar, familiaridade e conexão ao mundo exterior que potenciam o desempenho ocupacional do utente, com a concretização dos seus papéis. O facto de ser o terapeuta ou outro técnico que intervém com o utente a realizar a videochamada, proporciona a oportunidade de estabelecer uma relação empática com o utente e a sua realidade, e compreender de que forma a família pode ser potenciadora da recuperação do utente.

            Em última instância, o utente sente-se mais motivado, compreendido e predisposto para receber os tratamentos necessários à sua melhoria e recuperação do estado de saúde.

Daniela, Psicóloga, Estágio Profissional

            O meu papel como psicóloga nesta unidade hospitalar passa pela melhoria do bem-estar psicológico e da qualidade de vida dos nossos utentes, entendendo cada utente como um só, com histórias e vivências de vida diferentes, avaliando e intervencionando diretamente com as suas dificuldades, com o seu sofrimento e angústia. É objetivo último a redução do tempo de duração de internamento, potenciando a utilização de todos os recursos de reabilitação.

            Como seres sociais que somos, as relações que temos com os nossos familiares e amigos estão diretamente ligadas ao nosso nível de satisfação com a vida. Quando estamos doentes, esta necessidade aumenta por nos sentirmos mais vulneráveis e dependentes de outros. Ora, os utentes internados viram-se de repente sozinhos, sem as suas rotinas, o que por si só é fundamental para a saúde mental, confinados aos quartos, fora da sua zona de conforto e longe daqueles que mais amam durante meses. Psicologicamente, foi uma fase muito dura. Tendo em conta a faixa etária predominante nos internamentos, a capacidade de adaptação a novas realidades é baixa, a preocupação com a saúde é grande e o isolamento causa muito sofrimento. Assim, as videochamadas vieram reconectar as famílias e amigos, dando a sensação de proximidade e apoio tão desejados e uma força extra aos nossos utentes. As visitas voltaram, embora de maneira diferente, e todos se sentem mais fortes, reconectados e a recuperar.

Deolinda Ferreira, Enfermeira Supervisora e Gestora da Qualidade CSSMH

            Num processo de doença e para uma recuperação mais eficaz e eficiente a família ocupa um lugar central no contexto assistencial. Desde o primeiro momento em que a pessoa é hospitalizada e sai do seu contexto familiar os profissionais de saúde tem que incluir logo na admissão a participação da família ou cuidadores. O processo de tratamento é tanto mais eficaz quanto mais envolvimento e articulação se estabelecer com a família e seus conviventes.

            Um doente quando é admitido num hospital, raramente vem sozinho, por isso num processo de doença temos que cuidar do doente como um todo indissociável das pessoas que lhes são mais próximas, que em determinadas situações estão em profundo sofrimento, pela incerteza, o desconhecido e o sofrimento do seu familiar

            Consideramos cuidados com qualidade prestados não só ao doente individualmente, bem como à rede social e familiar de suporte.

Na Casa de Saúde São Mateus Hospital, o Internamento Médico é uma resposta ao descanso do Cuidador, com a máxima segurança no acompanhamento das necessidades de saúde, em conforto prestados pelos melhores profissionais Médicos, de Enfermagem e de toda uma Equipa Multidisciplinar para a evolução desejada nos processos de reabilitação e autonomia do seu Familiar.